Unidade e Cooperação

Encontro Nacional das Cooperativas de Reforma Agrária reafirma importância do cooperativismo

Em Luziânia (GO), mais de 200 delegados de cooperativas do MST reafirmam compromisso com a luta pela Reforma Agrária Popular e a soberania alimentar

Encontro Nacional da Cooperativas de Reforma Agrária reafirma compromisso com a Reforma Agrária Popular e a construção de um modelo de desenvolvimento agroecológico. Foto: Priscila Ramos

Por Erica Vanzin
Da Página do MST

Nos dias 26 e 27 de fevereiro de 2025, mais de 200 cooperativas e associações do MST se reúnem em Luziânia (GO) para o Encontro Nacional de Cooperativas da Reforma Agrária, promovido pela União Nacional das Cooperativas da Reforma Agrária (UNICRAB). A atividade envolveu a participação de representantes de 23 estados, do Distrito Federal e de entidades parceiras da luta pela terra, discutindo temas essenciais para o fortalecimento das cooperativas e associações do MST.

Ao promover a troca de experiências e o fortalecimento das iniciativas de cooperativismo, o Encontro reafirma o compromisso com a Reforma Agrária Popular e a construção de um modelo de desenvolvimento agroecológico, que impulsione a produção de alimentos saudáveis em todo o país.

O Movimento Sem Terra surge em 1984, como resultado da luta pela terra e das históricas resistências do campesinato latino-americano. Desde a sua fundação, a organização popular tem sido essencial para transformar a realidade do campo brasileiro. No centro dessas transformações está o desenvolvimento do cooperativismo, entendido não apenas como um modelo produtivo, mas como um modo de vida que fortalece os laços de solidariedade, autonomia e autogestão nos territórios.

A cooperação na perspectiva do MST vai além da união para fins econômicos, buscando uma transformação social profunda. “A cooperação deve transformar nossas relações sociais, tornando-nos seres humanos melhores e promovendo a revolução cultural necessária para a sociedade, como exemplifica a prática da agroecologia no MST”, destaca Diego Moreira, da direção nacional do MST.

Esse compromisso está alinhado à construção de um modelo de produção que valorize o bem viver e a solidariedade entre os trabalhadores do campo. “A cooperação é a nossa resposta ao individualismo, especialmente no contexto do capitalismo, que promove a competição e a desigualdade. Ao fortalecer os laços coletivos, buscamos não apenas resistir a essas forças, mas também construir uma prática coletiva onde a solidariedade e o bem comum prevalecem sobre os interesses pessoais e a exploração”, reflete Bárbara Loureiro, da coordenação nacional do MST.

Organização de cadeias produtivas, inclusão tecnológica e mecanização no campo

Uma das principais discussões no Encontro foi a organização dos territórios conquistados pela luta pela terra, levando em conta as realidades de cada bioma e as potencialidades locais para o planejamento produtivo. A organização da produção, agroindustrialização, até o consumo, precisam fortalecer as comunidades e democratizar o o aos alimentos saudáveis. “A experiência das cooperativas do MST demonstra que a integração nacional das cadeias produtivas, como arroz, leite, frutas e hortaliças, é essencial para garantir à sociedade o o a alimentos saudáveis. O cooperativismo deve ser popular e se basear na agroecologia, respeitando a natureza e promovendo a produção coletiva, rompendo com a lógica do agronegócio e garantindo uma alimentação digna à classe trabalhadora”, destaca Moreira.

Foto: Priscila Ramos

A mecanização adequada à produção camponesa é um dos grandes desafios na luta pela soberania dos trabalhadores rurais. O avanço tecnológico deve beneficiar a classe trabalhadora, assegurando maior produtividade sem agredir o meio ambiente ou ampliar desigualdades no campo. No entanto, o o a máquinas e equipamentos ainda é , seja pelo alto custo ou pela falta de políticas públicas adequadas. “Enquanto países como a China alcançaram 90% de mecanização para a agricultura familiar, no Brasil, a mecanização está concentrada nas grandes propriedades do agronegócio, excluindo os camponeses do o às tecnologias que poderiam melhorar suas condições de trabalho”, crítica Moreira.

As cooperativas também desempenham papel crucial na luta contra a lógica individualista do capital. “Fortalecer o cooperativismo é garantir a resistência dos trabalhadores do campo, ampliar a produção de alimentos saudáveis e assegurar a permanência das famílias na terra”, destaca Akeles Henrique Carolino, da Cooperativa de Produção Comercialização e Beneficiamento dos Assentados (Coopterra). 

O cooperativismo, aliado à Agroecologia e à luta política, é um pilar fundamental para transformar a realidade do campo. Para isso, é urgente ampliar o o às políticas públicas estruturais que incentivem a agroindustrialização, a mecanização, adaptada às necessidades dos camponeses, e o crédito ível.

Apenas por meio da organização coletiva e da solidariedade será possível criar um modelo de produção que, além de gerar alimentos saudáveis, estruture o meio ambiente e garanta a soberania alimentar. O MST reafirma seu compromisso com a construção de um um outro projeto de agricultura no país, em que a exploração do trabalho e dos bens comuns da natureza seja superada, em favor de uma produção camponesa solidária.

Confira abaixo a galeria de imagens do Encontro:

*Edição: Solange Engelmann