Fundo de investimento permite financiar cooperativas de pequenos agricultores
Inspirado em experiência holandesa, Finapop tem como foco projetos sustentáveis

Por Maura Silva e Luciana Console
Da Página do MST
Cooperativas em todo o Brasil poderão receber investimentos em seus projetos de produção via financiamento popular. É o que propõe o Finapop (Financiamento Popular), fundo gerenciado em parceria entre cooperativas do MST e uma corretora de investimentos. De acordo com o economista João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do MST, a iniciativa vai possibilitar que pequenos investidores coloquem dinheiro em projetos sustentáveis.
“Ele [o investidor] vai receber de retorno cerca de 4 a 5% e a agência vai rear esse dinheiro na forma de empréstimo a uma taxa de juros também de 4 a 5 %. De maneira que quem empresta o dinheiro vai receber mais do que se aplicar na poupança e as cooperativas terão um mecanismo mais desburocratizado e flexível”, explica.
A experiência de financiamento popular é baseada na instituição financeira holandesa Triodos, fundada em 1980, que tem como foco projetos sustentáveis. Antes do Finapop, as cooperativas tinham o somente ao empréstimo da Pronaf Agroindústria, que possui taxas de juros em torno de 6% ao ano. Apesar de não ser um valor tão alto comparado com empréstimos tradicionais dos grandes bancos, a burocracia para se conseguir o dinheiro dificulta o processo. “E evidentemente que o gerente do banco vai priorizar os projetos maiores. Então, as cooperativas e associações não am essa política”, destaca Stédile.
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O economista ressalta ainda que o crédito no Brasil funciona como uma grande máquina de especulação financeira. “As pessoas deixam dinheiro na conta corrente, e são bilhões em salário que vai sendo movimentado ao longo do mês. O banco não te paga nada de juros, mas ele pega esse dinheiro e “re-empresta” para o comércio, para indústria ou para alguém que precise de crédito a uma taxa de 48% ao ano”.
Neste sentido, com o Finapop, os pequenos e médios investidores que hoje emprestam dinheiro para os bancos especulares agora poderão colocar nas cooperativas. “É uma grande parceria entre os pequenos investidores que não querem que o seu dinheiro sirva apenas para especulação e os pequenos produtores rurais. De maneira que possamos criar uma sinergia entre o campo e a cidade, investidores e pequenos agricultores, organizados em cooperativas, e que estão dispostos a ampliar a produção de alimentos”, finaliza ele.
Como primeira cooperativa a ser financiada, a Coopan (Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita), localizada do Rio Grande do Sul, terá um aporte de R$ 1 milhão. A Coopan é conhecida por ser a maior produtora de arroz orgânico da América Latina e também conta com criação própria e abatedouro, com produção de carne suína e leite.
*Editado por Fernanda Alcântara