I do MST

Bolsonaristas querem criminalizar o MST ao usar ex-militantes do movimento, acusam petistas

Na audiência pública desta terça-feira (8), três ex-militantes do MST no Sul da Bahia desferiram várias acusações – sem provas – contra o MST e lideranças do movimento

Petistas na I do MST. Foto: Gustavo Bezerra

Por Héber Carvalho
Da Página do MST

Parlamentares do PT na I do MST acusaram os deputados bolsonaristas – a maioria no colegiado – de montarem um “teatro” no colegiado para tentar criminalizar o MST e o próprio processo de reforma agrária no País. Na audiência pública desta terça-feira (8), três ex-militantes do MST no Sul da Bahia desferiram várias acusações – sem provas – contra o MST e lideranças do movimento.

Durante a reunião, o presidente do Projeto de Assentamento Rosa do Prado, Elivaldo da Silva Costa, conhecido “Liva do Prado”, por conta do assentamento localizado na cidade de Prado, no Sul da Bahia – e que saiu do MST por divergências políticas após tentar tomar de assalto a direção do assentamento, que agora tem o comando dividido – acusou o MST de irregularidades na distribuição de lotes em acampamentos, de mau uso de recursos nos assentamentos e de perseguição.

O jornal Brasil de Fato, que esteve na região em janeiro de 2022 para colher depoimentos sobre o grupo bolsonarista que atuava na região contra o MST, afirmou que “Liva do Prado” se tornou aliado de Jair Bolsonaro a partir de 2019, quando ou a cooptar famílias ligadas ao movimento social prometendo facilidades no o a títulos de terra para os acampados na região. O próprio “Liva do Prado” recebeu o título de sua terra no assentamento das mãos de Bolsonaro e de seu secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia.

O deputado Nilto Tatto (PT-SP) lamentou que os bolsonaristas da I usem pessoas que saíram do MST por divergências em busca de poder sejam usadas para tentar criminalizar o movimento social. “Sinto muito que essa I utilize essa baixeza de usar uma pessoa que tenta criar uma associação paralela por questões internas, regras que existem em qualquer condomínio, para criminalizar o MST e a reforma agrária”, criticou.

Outros dois ex-militantes do MST acusaram integrantes do movimento de tê-los expulsados de acampamentos. Vanuza dos Santos de Souza alega ter sido agredida e expulsa de um acampamento no Sul da Bahia por supostamente não querer mais participar de atividades coletivas. Atualmente, Vanuza é aliada de grupos bolsonaristas que atuam na região. O site Brasil de Fato divulgou um vídeo nesta terça em que o assentado e membro do MST Cássio Souza Santana – filho de Vanuza – desmente as acusações feitas pela própria mãe.

“Infelizmente, minha mãe (Vanuza) foi cooptada. Em 2021, Liva (do Prado) e Nil – que também é ex-integrante do movimento – junto com outros antigos acampados aqui (no sul da Bahia), fizeram um ataque a uma caravana do MST que estava vindo de uma atividade, indo para outra, e eles atiraram no ônibus, colocaram fogo, causaram tumulto no acampamento e sequestraram pessoas”, detalhou Santana.

O outro ex-militante do MST que também alegou ter sido expulso de um acampamento no Sul da Bahia, por não ter “cumprido normas”, foi Benevaldo da Silva Gomes.

Em relação à suposta agressão, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) – que tem forte atuação política na região – disse que não compactua com nenhum tipo de violência. Sobre as possíveis ameaças que os depoentes afirmam sofrer – porém, sem apresentar prova – o petista pediu ao presidente da I, deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), que garanta a proteção dos depoentes.

“Eu ando em todo o lugar da Bahia e não tenho segurança, porque não preciso, mas acho que vocês (se referindo a Zucco) têm que requisitar proteção a essas pessoas, pelo bem deles. No entanto, quero afirmar que essa Comissão não vai impedir a minha luta pela reforma agrária, impedir os movimentos sociais de se organizarem. Eu vou continuar defendendo a reforma agrária, o PT, o governo Lula, o governador Jerônimo (da Bahia) e os movimentos sociais, porque tenho a consciência de que estou do lado certo”, destacou.

Sobre as críticas feitas pelos depoentes e por deputados bolsonaristas ao MST, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), relembrou os números que comprovam a importância desse movimento social para a reforma agrária e a produção de alimentos no campo.

“O MST tem 400 mil famílias assentadas no Brasil e 70 mil famílias acampadas. Só no meu estado do Paraná são milhares de assentados. O MST tem cooperativas e sozinho produz 7,5 milhões de litros de leite e 42 mil toneladas de arroz por ano”, afirmou.

Também se manifestaram em defesa do MST e do deputado Valmir Assunção os deputados petistas João Daniel (PT-SE) e Marcon (PT-RS).